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quarta-feira, 8 de março de 2017

Logan - por Sammis Reachers

   
    Assisti ontem a este ensaio. Um filme de ação virulenta, violência virulenta, mas fundamentalmente um filme sobre a decadência. A decadência e suas implicações, a possibilidade (sombra dentro das sombras de nossos humanos demasiado humanos passos) de um futuro não de rosas, mas distópico, violentado pela dor, abandono, ruído, a colheita ruinosa das escolhas erradas, o preço de hesitações se sobrepondo. 
    Um filme triste, triste para o assistente neutro, triste ainda mais para o fã de quadrinhos, para aqueles que praticamente aprenderam a ler em cima de um gibi, como eu. A violência, crua, é apenas pano de fundo para um ensaio, dentro das possibilidades do cinema comercial, sobre paternidade, senilidade, decadência e esperança. A fotografia algumas vezes poética ao extremo amplia a sensação de desolação ao vermos dois ícones X em sua derradeira jornada, derradeira jornada rumo a um Éden que só pode existir em sonhos, ou erigido pelo sacrifício dos já sacrificados. Onde uma cruz em X tomba, uma cruz em X ergue-se. Você entenderá. 
   
Para sempre X-Men.


quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Desculpem o transtorno, mas preciso falar que escrevi uma crônica! - por Rafael Lima


Passei a vida escrevendo. Mas nunca fui escritor. Vivo mais no mundos das ideias que no mundo real. Quando eu era criança, eu e meu primo escrevíamos gibis, eu desenhava porque amava desenhar, ele pintava porque eu odiava pintar. Fazíamos em folhas de sulfite, depois grampeávamos. Ficava tudo fora de ordem, a página 2 era a última, a 4 era a penúltima, só ficava certo o meio. Eu falava: “ainda bem que nunca vamos publicar isso”. A gente ria e guardávamos em uma caixa, mais uma história do Homem Aranha que eu já devia ter lido em algum lugar, mas achava que tinha criado.

Lembro que no colégio criei, com um dos meus amigos, um universo, totalmente complexo, cheio de mistério e fantasia, que se escondia em uma quebrada atrás de uma plantação medonha de eucalipto. Essas histórias eu não escrevia, apenas contava em forma de prosa  com meu amigo nas aulas de história, geografia e artes. Me arrependo. Se tivesse escrito, talvez hoje seria a minha obra prima. 


Na adolescência  eu queria ser músico. Passava horas compondo com a banda que tinha com os meus amigos. Depois eu lia e pensava: “acho que já ouvi isso em alguma música do Legião Urbana”. Comecei a estudar inglês, e comecei a escrever tudo naquela língua, e acompanhar com riffs na guitarra. No final era só mais uma música do Foo Fighters que eu achava que estava compondo. Joguei na caixa. 


Anos depois larguei a vida de “músico” e “voltei a escrever quadrinhos” junto com um outro amigo meu. Maratonamos todos os filmes de Faroeste do Clint Eastwood e do Sérgio Leoni para podermos escrever uma HQ de Faroeste. Assistimos todos os filmes e series com temas medievais para escrever uma história medieval. Todas as tardes depois do colégio. Nunca terminamos uma história. Colocamos tudo na caixa.


Já  comecei a escrever livros, filmes e séries. Jamais vou confessar que escrevi quase 10 temporadas para uma série do Batman - e na época nem existia Netflix - então me juntei com alguns amigos e tivemos a brilhante ideia de criar um canal no YouTube para os curtas metragens que pretendíamos fazer. No começo era pra ser de humor, mas tudo que a gente escrevia o Porta já tinha feito. Tentamos escrever curta de terror, romance, drama etc. Fracassamos lindamente. Nunca chegamos a gravar, sequer chegamos a terminar algum roteiro. Todas as ideias foram jogadas na caixa. 


Já escrevi peças de teatros, contos, cartas, poemas, até um soneto - que depois descobri que não podia ser um soneto porque não respeitava as regras de soneto, então apelidei de poesia - mas eu não terminava nada que começava a escrever. E mais uma vez tudo foi pra caixa. Um dia eu perdi essa caixa. Se ao menos eu a tivesse até hoje, penso eu que poderia fazer um documentário sobre um escritor que não escreve. Como estou fazendo agora. Ou então eu poderia, pelo menos, relembrar toda a minha infância, adolescência e quando eu perdi a criatividade. Mas, parece que acabei de fazer isso escrevendo essa crônica, que aliás, em todos esses anos de “escritor” foi a única coisa que eu terminei.

sábado, 9 de agosto de 2014

Palestra Nerdosofia: A Origem dos Androides


A primeira palestra do Nerdosofia foi realizada no dia 09 de agosto de 2014, no Mercado Municipal de Arapongas, espaço Gibiteka. Como tema inicial, escolhemos A Origem dos Andróides, ministrada pelo Professor de História José Juarez de Almeida. Contamos com a presença de vários amigos e interessados no universo dos autômatos, desenvolvendo, assim, um debate democrático de ideias. A seguir, alguns pontos destacados na palestra:


- Etimologia da palavra andróide
- Autômatos na cultura grega antiga
- Talos, o autômato de bronze
- Robot Humanóide de Leonard Da Vinci
- Golem e a mitologia judaica
- Homem da Areia, de E.T.A. Hoffmann
- Isaac Asimov
- O filme Eu, Robô
- Animismo nas religiões como referência paralela aos autômatos
- O filme Blade Runner
- O filme A.I, - Inteligência Artificial
- O Monstro de Frankenstein
- Os andróides do anime Dragon Ball
- O filme e livro Guia do Mochileiro das Galáxias
- Consciência  e linguagem
- O filme Alien, O Resgate
- Platão e uma suposta reprovação do autômato
- Star Trek e Data
- O filme O Homem Bicentenário
- Transformers
- Robocop não é um andróide

Fotos do evento:



















domingo, 20 de julho de 2014

A Arte de Pawel Kuczynski - por André Alves

Pawel Kuczynski(1976-Szczecin,Polônia) é formado em Artes pela Academia de Belas Artes de Poznans. Seus trabalhos são conhecidos desde meados de 2004. O que realmente destaca este artista é a sua temática e forma de expressar sua arte. Seus trabalhos estão sempre relacionados às mazelas e contradições humanas, tudo isso misturado com um leve sarcasmo que não é imperceptível nem pro mais desatento observador.







Em tempos tão mecânicos e televisivos, onde somos constantemente bombardeados por noticias rápidas que não nos permitem fazer a devida reflexão sobre tal, somos levados a um imediatismo onde imagens falam muito mais do que artigos. Ainda assim conseguimos achar artistas como Pawel que conseguem nos fazer refletir de maneira própria, de acordo com nossa visão de mundo e não a do artista por si só. Nota-se que não está em busca de sua concordância,mas consegue causar a devida reflexão sobre os paradigmas que nos rondam,sejam eles em noticias de jornal ou em nossas próprias ações.



















                              “São os novos temas imortais e atemporais da Arte” 
 Pawel Kuczynski 





quarta-feira, 25 de junho de 2014

A Morte nas HQs

Homem-Aranha não consegue impedir o assassinato de sua
namorada, Gwen Stacy.
O mundo gira em torno de um ponto de interrogação.  A ciência, a arte e a filosofia são instrumentos que nos possibilitam pensar a realidade, a construí-la. Porém,  a certeza intocável não nos pertence.  Está além das fronteiras da delimitação humana. Exceto, uma: a convicção sobre nossa finitude. Morrer é uma condição natural do homem, tão importante quanto viver. Sendo assim, nada mais natural do que falarmos sobre a morte, correto? Errado. A morte é um dos tabus alienadores da nossa sociedade.




Rorschach encara sua morte como uma virtude
 diante da possibilidade de se corromper
Falar sobre a morte provoca repulsa na cultura ocidental contemporânea. Nada mais dispersador  que lembrarmos nossos iguais sobre  nosso prazo de validade nesse mundo. Em uma sociedade caracterizada pelo narcisismo, uma busca frenética por uma identidade que satisfaça e lhe permita ser percebido, morrer é sinônimo de não ser mais percebido. Pensar a morte é aceitar a nossa singularização dentro de uma sociedade que preza uma existência massificada.







Na Grécia Antiga, as tragédias faziam as honras de constatar a morte. A maldição sobre o Rei Édipo, as trapaças de Sísifo para burlar Thanatos, a viagem ao reinos do mortos, por Orfeu, para resgatar sua amada. Pensar nossa condição natural era um hábito do homem grego antigo. Longe de transformar um mundo em vale de lágrimas, sua vida era revigorada através das narrações míticas.


O câncer e a angústia de Constantine
Nossa contemporaneidade possui seus próprios mitos. As HQs são um exemplo. Desde os primórdios, tem se mostrado como um ótimo veículo para expressar reflexões, dúvidas, contestações e mais uma série de sentimentos mestrado pelo artista, que, assim como a música e a poesia, imprime os afetos do homem sobre sua existência. Personagens de quadrinhos também se angustiam com a morte. Abaixo, algumas situações nos comics:



a
Thanos ao lado de sua amada, a Morte
Thanos, um dos vilões mais contraditórios e temidos no universo Marvel, tem como seta única seu amor pela Morte. Matou metade das criaturas do universo, apenas para reconquistar sua amada.






A postura lúcida do Capitão Mar-vell: de aceitar sua própria finitude. 
Capitão Mar-vell,  procedente da raça Kree e um dos heróis mais poderosos da Terra, morreu de câncer,  depois de ser exposto à radiação em uma de suas lutas. 


          







Superman já teve sua vida interrompida nas mãos do, até então desconhecido, Apocalipse.
O mais forte dos homens, tombado por circunstâncias inusitadas.
A morte como opção de escolha deliberada pelo indivíduo.
Jason  Todd, o segundo Robin, assassinado pelo Coringa.
A morte de Robin foi anunciada após uma enquete, nas terras ianques, onde oferecia
ao leitor a escolha de matar ou deixar viver o mais famoso dos sidekicks.
A personificação carismática e atraente da morte, por Neil Gaiman, em Sandman.

Em contraponto com a figura medieval, um esqueleto com foice,
a Morte é retratada, aqui, com uma roupagem dark wave.

Flash desintegrado ao tentar salvar nosso universo da antimatéria.
Na época, um grande impacto entre os leitores. Até então, era incomum
encontrar a morte de personagens de primeiro escalão nas HQs.

O dínamo propulsor para inserir Bruce Wayne na sombra do morcego: presenciar o assassinato dos pais.
A morte como ferida traumática na família.

A namorada do Demolidor, Elektra, morta por um dos seus piores inimigos.
A morte como ato de crueldade. O homem como lobo do próprio homem.




A HQ "A Morte do Super-Homem" é um dos grandes exemplos de
estratégia de vendas por parte das editoras.
O anúncio da morte de um personagem nas HQs, virou rotina entre os leitores. Tão banal quanto o sol nascer pela manhã, heróis e vilões morrem e renascem, com muita frequência, nos quadrinhos. Afinal, qual insano aceitaria que personagens altamente rentáveis, como Superman & CIA, descansem na eternidade definitivamente? Morrer nos comics, muitas vezes, é uma estratégia de vendas por parte dos editores.






Independente das intenções editoriais, ao lidarem com a morte, os personagens nos oferecem uma afinidade com nossa natureza. Os “gibis”, inofensivos por muitos, podem nos servir de espelho, nos conduzindo à experiência de nossas possibilidades existenciais, tanto no aspecto reflexivo ou catártico. Afinal, encarar a finitude de nossas vidas é o passo essencial para o filosofar. 

terça-feira, 24 de junho de 2014

Curiosidades sobre a primeira história dos X-Men - por Marcus Farrapo

As bancas, às vezes, se jogam no despreocupado percurso dos adultos consumidores de HQs. Para minha surpresa, os X-Men  reluziram na prateleira entre tantas revistas. Trata-se da publicação das primeiras histórias dos mutantes, desde seu surgimento em 1963, nas mãos de Stan Lee e Jack Kirby, pela Panini Comics, numa edição caprichada, acompanhada de um box para guardar mais três revistas com clássicas aventuras dos X-Men. Como capa, a famosa número um.


Relendo a primeira história, me deparei com algumas curiosidades sobre a gênese das revistas mutuna-marvetes. Eis algumas:



  • O Homem de Gelo possuía uma aparência "cremosa", mais próxima de um boneco de neve, calçado de botinhas.
  • Ciclope era chamado carinhosamente de "magrão" pelos colegas de grupo. 
  • O professor Xavier especula ser o primeiro mutante  brotado na face terrestre. 
  • O professor Xavier é chato. Dá bronquinha com ameaças nos seus pupilos durante as páginas.
  • O professor Xavier é foda. Controla uma aeronave à distância com os poderes telepáticos.
  • A recém-chegada de Jean Grey (batizada de Garota Marvel), causa estrondo no coração dos meninos do Instituto Xavier. Todos querem tirar uma casquinha da barbie mutante.
  • Magneto não gesticulava as mãos para manipular objetos magneticamente. Bastava um pensamento para que, da sua cabeça, irradiasse seu poder.
  • Fera, sem pelos, com um temperamento próximo do Coisa, do Quarteto Fantástico.
  • Apesar da capa mostrar um Anjo munido de uma bazuca na investida grupal contra Magneto, nas páginas, sequer empunha um canivete. 
  • Existia vida mutante na Marvel sem a centralizadora presença de Wolverine. 
Uma grande história? Certamente, hoje, não. Mas, talvez, é possível imaginar o impacto entre os leitores de quadrinhos dos anos sessenta, quando uma vitrine de heróis marginais e estranhos, se contrapôs ao glamour dos paladinos da DC Comics. Vale a pena estar na coleção.



terça-feira, 10 de junho de 2014

O efeito catártico dos super-heróis – por João Paulo Rodrigues

 Muitos se perguntam por que, após uma boa leitura de uma HQ ou ao final de um bom filme de super-heróis, nós nos sentimos mais revigorados e/ou cheios de ideias novas para nossas ações cotidianas, como, por exemplo, sermos mais responsáveis em nossas ações após um dos conselhos mais famosos do mundo dos super-heróis, dito pelo tio Ben para Peter Parker:
 Está certo que Peter não se deixa convencer pelo conselho do tio Ben em um primeiro instante, ao usar seus poderes para benefício próprio e não ajudar que lhe pediu auxilio por pura e simples vingança.


Ora, mas é claro que isso é problema seu pequeno gafanhoto, pois, a partir do momento em que Peter percebe que seu tio morreu por causa de sua negligência em fazer o bem, o iniciante Homem-Aranha entende a importância de ajudar as pessoas sem ter interesse algum nisso, a não ser tirar uma ou duas fotos para ganhar uns trocados, afinal, ele também precisa sobreviver, mas sempre nos mostrando que suas ações são corretas e valem a pena serem realizadas por si só.


Aristóteles, em seu livro A Poética, diz que a arte provoca no homem uma catarse (purificação). Assim, ao contemplarmos uma obra de arte (no caso um filme ou uma HQ de super-heróis, lembrando que a HQ como uma arte foi muito bem relatada em “HQs: Uma Arte? – por Marcus Farrapo”), aprendemos coisas novas e conceitos universais que nos fazem ser melhores, já que sentimos vontade de deixar de errar, de fazermos coisas mais elevadas e de ajudarmos os outros.


Já Kant, no livro Crítica da Razão Prática, nos apresenta o famoso imperativo categórico “agir como se meu comportamento pudesse se tornar regra universal”, além de um outro imperativo categórico não menos importante “tratar o ser humano como fim de minha ação e não como meio para ela”.




Mas calma jovem Padawan, não estou lhe dizendo pra vestir um collant e uma máscara e sair pelas ruas combatendo o crime, o que quero dizer aqui é que as boas ações dos super-heróis que lemos ou assistimos servem, ou deveriam servir, para nos purificar, para nos mostrar que podemos ser melhores do que já somos, nos utilizando dos atos feitos pelos super-heróis como máximas universais a serem seguidas sempre, já que devemos ajudar uns aos outros e tratar a todos como fim em si mesmos, mesmo que essas ações éticas sejam as mais simples de serem realizadas.



Sendo assim, deixe nos comentários, caso queira, alguma passagem de uma HQ ou de um filme que o purificou e que você utiliza como uma máxima a ser seguida em seu dia-a-dia.